quinta-feira, 10 de maio de 2012

...no que dia em que eu puder viver só de sonhar, aí eu juro.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

aos 29 estou conseguindo conquistar uma sobriedade que tem sido muito boa de se sentir.
não virei monge, nem descobri o sentido da vida, muito menos as verdades prometidas. também não virei um adulto com 'a' maiúsculo, pelo menos é o que eu acho...
é toda uma conjunção de coisas que está me proporcionando sentir a mesma vida, as mesmas coisas, mas com um gosto diferente.
hoje, quando limpava minha guitarra tão sujinha e empoeirada, pensei em quanto tempo eu não parava pra tirar uma música nela. aprender a tocar algo bobo, mas prazeroso, só pelo prazer de ouvir o som dela que tanto gosto. [tenho uma relação anímica com meus intrumentos, ponho nome, pergunto como estão e peço desculpas quando deixo eles empoeirados e esquecidos no canto].

eu me sentia indigno de me proporcionar prazer sendo que nem tinha como me manter financeiramente aqui. socialmente me sentindo um inepto. assim me puno, mas nem sei mesmo o motivo pelo qual o faço. e nao me venham com 'que absurdo isso que você faz com você mesmo', a gente sempre se pune quando não damos certo.

eu tinha deixado minha vida toda pendurada num prego, esqueci dela, e irritado prossegui.
me engalfinhei comigo mesmo e apaguei por completo. às vezes faço isso, como um bicho que se finge de morto e depois retorna.

espero que daqui por diante esses momentos de ostra, que sempre existirão, sejam menores e mais eficazes.

estou mais tranquilo, porém, latente.

sexta-feira, 23 de março de 2012

amor é quando você decide fatiar a vida
e elege um pedaço como seu.

quinta-feira, 8 de março de 2012

gosto de estar envolvido e envolvendo.

sábado, 3 de março de 2012

solidão.

fiquei guardando pra falar disso, mas dava preguiça. pois diárias são as ocupações.

já saí muitas vezes da mesa do bar, da sala de aula, do ponto de ônibus, da sala-de-estar, do bate-papo formal ou informal, deixando a fortíssima impressão de que sou o 'do contra'.
discutindo sobre a função do palhaço, por exemplo, eu fui do 'contra'. disseram: 'o palhaço é aquele que faz rir'
discordei.
e sempre o farei caso perceba que essa discordância me soa internamente honesta e coerente, caso sinta que minha reflexão [e tudo que vem dentro de uma reflexão...] possa ser conversável, dialogável.
disse então que, de forma alguma, a missão do palhaço seria fazer rir. imaginem a cara das pessoas. concretizo aqui algumas possíveis sentenças que lhes ocorreram:

'do contra';
'que mania feia de discordar de tudo';
'ele pensa que sabe mais';
'chato'.

o fato é que você pode discordar de tudo, menos da perspectiva com a qual a pessoa olha para os fatos. em tempos como o nosso, criticar tal perspectiva equivale a destruir a própria fé da pessoa, essa nossa tábua de salvação frente ao caos digerível.
mas acho que é justamente a única coisa que se pode e deve criticar. não me sinto à vontade pra criticar suas preferências, seus gostos, sua banda, nem a sua visão política. são seus, ora!
mas posso criticar e ser criticado pela perspectiva com a qual eu ou você abraçamos nossas preferências, gostos...

um palhaço não é pra fazer rir. ele sabe disso.
há palhaços maquiados com mil cores, só com branco, sem maquiagem, figurnos extravagentes, um terno, um terno rasgado.
um palhaço existe pra demonstrar todo o ridículo da existência humana. ele constroi junto a seu público a percepção mais perfeitamente realizada de que essa existência não serve para nada, e assim pode até servir pra alguma coisa, entende?
e o riso, onde entra nisso? porque os palhaços causam riso. verdade.
mas causar riso não é a meta do palhaço. a meta é demonstrar o ridículo da existência humana e o riso não é causa, mas consequência nesse processo.
um palhaço que pretende apenas fazer rir por rir sabe que está sozinho, sabe que seu público não está com ele, não há comunhão. há um monólogo. e isso não tem graça.

rimos do palhaço que tropeça não uma, mas três vezes num mesmo obstáculo. rimos do palhaço que senta numa cadeira que supostamente era pra estar ali. rimos rimos de um palhaço numa repartição pública.

tropeçar três vezes num obstáculo, sentar numa cadeira que julgávamos estar lá, sentir-se perdido e inadequado num local não me parecem serem coisas engraçadas. [suponhamos que o palhaço esteja o mais limpo de maquiagem possível]. situações que podem soar até angustiantes pra certas pessoas. mas rimos, mesmo que o riso seja de pretensa superioridade ao julgarmos tudo aquilo muito bobo. há um riso, de deboche, mas há.
o objetivo de um palhaço é demonstrar, com ou sem palavras, esse ridículo de não termos certeza de nada, de que ninguém descobriu o segredo da vida e por isso somos todos ridiculamente iguais perante às situações, apesar de que nos diferenciamos por graus [sociais, sentimentais...]. o riso vem à reboque, porque rir é uma forma de sobrevivermos à essa existência. é tão necessário quanto alimento e agasalho.

tudo isso eu argumentei. e, claro, bocas e olhares virados contra mim. eu sempre levanto questões vencidas, é a minha natureza.
imagina, sustentar a opinião de que palhaço num é pra fazer rir, que o riso é a consequência da sua verdadeira função...porque, pra mim, alguns palhaços são mais geniais que muitos filósofos e pensadores, sou bem tranquilo quanto a isso...

e o que tudo isso tem a ver com solidão?
conheco raras pessoas que optam por criticarem a perspectiva e não as escolhas dos outros, me irmano logo com elas, pois sei que, com todo bem ou todo mal, não somos muitos.
me sinto só nesse sentido, pois não sou 'do contra', gosto de discutir, conversar perspectivas [além de outras bobagens, claro...], gosto de abalar e ser abalado.
gosto de ouvir o que o outro tem a dizer, mas quando é comigo sinto uma certa impaciência, como se eu estivesse sendo incômodo. vai ver é isso.
adoro ouvidos atentos e atenção carinhosa, pois é dando que se recebe. daí confesso meu encanto por quem, a seu modo, também torce a perspectiva. não me sinto doer nada, mas percebo que fui abalado em algum sentido e isso me encanta.
querer estar só, estar de bem consigo não é solidão. pois você sabe que pode ir até as pessoas e que elas também vêm. claro, há variações nesse movimento.

solidão é olhar pros lados, querer alguém, precisar de alguém e ninguém há.
essa cena, alias, ficaria muito bem na pele de um palhaço, não?

é esse o clima.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

hoje andei de bicicleta.
andei despreocupado, olhando pro tempo.
me senti guiando uma ferrari, mas estava só orgulhoso mesmo.
fazia muito tempo que não tinha essa sensação boa de guiar uma bike.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

andei meio afastado do blog.
faz tempo que não escrevinho aqui. é que andei meio inquieto com tudo.
umas inquietudes fortes sobre o andar da carruagem, sobre caminhar na estrada, sobre o caminho, sobre as passadas, sobre o caminhante.
às vezes, à janela da condução, voltando de algum lugar, fico absorto na paisagem, respiro a brisa e me envolvo com aquele momento como se eu mesmo e os meus problemas não existissem.como se não fosse comigo. eu preciso disso, respirar esse ar, porque cansa muito coincidir consigo mesmo o tempo todo. é preciso se misturar ao ar de vez em quando.
repirando a brisa não há problema, não há outra coisa a não ser a incrível sensação de que não sabemos como a vida funciona.