quarta-feira, 30 de novembro de 2011

escutando Keane, o primeiro disco (Hopes and Fears)

incrível como esse disco tem gosto de passado. como parece que já vem com esse gosto e o tempo só ressalta o efeito.
lembro um dia, voltando de mais um encontro do teatro, eu canando pra nayana 'everybody is changing  (and I don´t feel the same). ela achou lindo e essa cena ficou marcada na minha cabeça.
tenho gosto pelo passado.
soube essa semana que o Colégio Evolutivo fechará suas portas, faliu.
essa escola tem uma importância capital pra mim. fui de uma cidade do interior do ceará pra capital...estudar. e me enfiei no evolutivo, sede major facundo, uma casa transformada em escola.

nossa, lá vivi muita coisa da minha vida.

A primeira namorada, grandes amigos que até hj estão ai, proximos, a primeira briga com o coordenador, a primeira expulsão de sala, os afetos, os afetos, e o teatro.
nosso grupo se chamava GENTE (grupo de encenações teatrais evolutivo), mas era mesmo o nome da nossa matéria, daquilo que nos tornamos aos poucadinhos.
a escola mesmo era horrivel, fora um bom professor ou outro, todos bem medíocres, um sistema de ensino muito ruim, mas nada disso importou. sério.
acabamos nos tornando médicos, advogados, acadêmicos, professores que prezam pelo que fazem.
alguma coisa foi ensinada ali, não sei bem o quê.
nas minhas férias eu sempre ia lá, andar por aqueles corredores tão clássicos pra mim, por onde desfilava com impetuosidade e frescor flamejante. por onde andava e nunca imaginaria que estaria hoje como e onde estou.

ia nas aulas do teatro e me apresentava como vovô do GENTE, afinal nós começamos o grupo, onde ficamos por quase 10 anos.
na sala do grêmio onde tive muitas (in)felicidades.
há uma história naqueles corredores das várias sedes onde tive e dei aula, onde me apresentei.
ah, as apresentações de final de ano, dias dos pais,das mães, as peças de singeleza e sagacidade que prof. socorro e guto machado nos proporcionavam...

há uma história ali, fincada naquelas paredes como prego velho que insiste em não sair, que a maresia corrói, mas que sempre fica em parte encravado.
todos nós que vestiamos aquela farda horrivel vivemos uma história que nos fará rir por todo o sempre, porque foi trágica, engraçada, claro, porque foi a nossa história, mas porque fomos plenos, vivemos experiências ímpares.

foi lá onde surgiu muita coisa que hoje me acompanham. referências musicais, de vida, de personalidades.
éramos jovens, ridículos, encantados, encantadores.
a escola se chamava Evolutivo (inicialmente Positivo, Positivest e depois Evolutivo), mas que tinha um sistema pedagógico pra lá e involutivo, acabou sendo uma espécie de referência por conta do que vivemos ali.


o tempo conta e desconta, não perda, debulha as contas do seu terço na velocidade que quer.
o tempo passa e chega pra todos. tudo uma hora fica antigo e vira lembrança.

everybody is changing....

quem viveu aquilo deve sentir...o mesmo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

pecando pelo excesso
pecando pela falta
ainda é pecado.

e, ao que tudo indica,
é isso que vai
nas contas do rosário.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

os símbolos se decantam, se espargem, se deterioram, entram em decadência porque o tempo atua sobre eles.
aquilo que fomos para alguém é como um símbolo que representa e apresenta uma faceta serial.
a boa namorada que sempre está alerta para seu carinha, o bom namorado, dócil e atencioso, por exemplo, são símbolos de uma paz encarnada na terra, bem rente ao chão.

simbolizam um anseio e uma necessidade comuns. uma figura dócil do outro. imagem necessária e verdadeira roda que faz o mundo sentimental girar.

mas os símbolos não são tão eternos, não tanto quanto a existência, pois eles também se deterioram. as relações que os sustentam também se deterioram, desmoronam e junto com elas a imagem do outro.

uma pena que isso ocorra.

tentar salvar uma 'auto'-imagem é um daqueles desesperos de primeira ordem, é gritar 'o barco está afundando' quando o barco afunda. uma tautologia desnecessária, mas reconfortante.

um símbolo pode ser quebrado, fraturado.

aquilo que eu simbolizava para você (e vice-versa) era mais do que poderíamos ser um para o outro.
no amor, somos como lunetas, meros anteparos que sinalizam constelações de símbolos que nos são caros e urgentemente necessários. uma verdadeira demanda.
quanto mais a lente sirva para alcançar constelações desejadas, melhor sou seu amado.

tudo morre, tudo se deteriora, leva tempo, mas as lentes cansam, os símbolos cansam.
então você, ou mesmo eu, gritamos a tautologia reconfortante, 'está tudo acabando'. está mesmo.
coisas assim nos separam e se impoem como um pé na porta.

eu só queria dizer para você que tudo morre, tudo se deteriora, menos o carinho, porque ele não está inserido dentre as coisas que podemos perder.
carinho não é um território que se ganha e se perde.
não é a luneta, nem um anteparo, é uma constelação.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

escrever é se expor ao ridiculo.

quando em prosa é uma coisa,
quando em poesia é outra.

mas o ridiculo está lá,
garrafal em neon.

anunciando.
o amor me cansa.

porque nunca é certo,
não está na ordem dos investimentos,
não é somando que se chega ao amor.
seu caminho está aberto à imaginação
mas vedado ao amante, mero andante.

o amor me cansa.

é um horizonte que nunca chega
uma sombra que nunca passa. arre!
essa distância que não se mede
mas que enfada como uma légua corrida.

o amor é uma dessas constelações
para as quais não há luneta que chegue.

arre.

domingo, 13 de novembro de 2011

há músicas que nos fazem passar a vida toda a limpo.

hey jude

constellations

under control

o vento

this night has opened my eyes.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

hoje vi um 'mon amour' escrito em vermelho na calçada do meu prédio. ele estava virado de frente pro portão, ou seja, foi escrito de forma que os moradores, ao saírem do prédio, lessem a frase. seguramente é pra um de nós aqui do yomar, 271.
mas quem?
a quem foi devotada essa declaração, macumba, pedido, homenagem tão urgente?
todos nós, os moradores, saímos, olhamos, passamos ao lado da inscrição disfarçando discrição. afinal, não se pisa num 'mon amour' pintado de vermelho.
é ser muito ruim passar e pisar na inscrição que foi feita especificamente pra alguém, isso é certo.
a que horas o tal amante, municiado de tinta vermelha, pincel, teria se ajoelhado, ou apenas acocorado, e escrito esse 'mon amour', uma espécie de tapete vermelho pro objeto de sua devoção?
quantos não passaram, viram, mas acharam de um espalhafato absurdo a tal inscrição, e mais, juraram matar seu amado/amada se fizessem tal coisa?


eu não sei, mas creio que tem coisas que só acontecem em copacabana.