segunda-feira, 19 de novembro de 2012

não sei o que vim procurar em são paulo. não sei por qual motivo vim até aqui.
mas o que quer que eu tenha vindo encontrar, encontrei.
é o que venho sentindo desde ontem do décimo terceiro andar de um edifício em jabaquara.
da janela vejo uma cidade acontecendo, lenta, de longe, saio nas ruas segurando um casaco que só tem função à noite. vejo ferreira gullar falar de seu espanto e da vanguarda nas artes plásticas.
saio feliz, mas contrariado também porque não era necessário  que ele lesse seus poemas.

minhas amigas que lá foram comigo discordam. acharam o máximo e disseram que eu tenho trauma com essa coisa do autor ter que falar. disse que não. é uma posição estética. o autor não precisa re-dizer o que ele já disse. mas é o protocolo. se o autor é poeta e vai lançar um livro, ele tem que ler. nunca fui forçado a ler um poema meu, nunca vivi uma situação que me traumatizasse nesse sentido. mas defendo que há uma discronia entre o autor e seu texto. não há encontro, há esbarrão. o sabor e a graça está no leitor, só nele.

há alguma calma feliz em são paulo. uma sensação de lonjura, mas sem desespero. não há cachorros, vizinhos que tentam furar o teto com pisadas marciais, não há a tentativa de revanche de todo o incômodo causado. não há retratação. não há a sensação de que a vida é muito mais do que isso, senão isso, esse tudão.

viro o ano sem uma casa, reunindo forças para reerguer, para reestruturar.

nunca me senti tão forte na hora da virada.

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