segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

a vida, essa grande máquina de viver.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

vez por outra acendemos certos fogos,
aposentamos velhos deuses e elegemos
novos que ocupem o espaço da escrivaninha;
para sentar conosco na cadeira da varanda;
entoar outro hino nem bem forjado
e encontrar auxilio que nao pese.

fogo que precisa ser aceso todo o dia;
brasa que precisa ser revirada agora
senao morre, e morrendo,
vira cinza na quarta-feira.

vez por outra renascem velhos fogos,
e reabilitamos os mais antigos deuses
para retomarem seus postos no sofa;
recolocarem suas maos em nosso peito;
sentirem nosso pulso indecifravel
e destronarem os mais novos deuses.

e tudo isso sem do nem piedade.




quinta-feira, 22 de novembro de 2012

o hábito faz o monge, no entanto,
são os monges que fazem seus hábitos

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

não sei o que vim procurar em são paulo. não sei por qual motivo vim até aqui.
mas o que quer que eu tenha vindo encontrar, encontrei.
é o que venho sentindo desde ontem do décimo terceiro andar de um edifício em jabaquara.
da janela vejo uma cidade acontecendo, lenta, de longe, saio nas ruas segurando um casaco que só tem função à noite. vejo ferreira gullar falar de seu espanto e da vanguarda nas artes plásticas.
saio feliz, mas contrariado também porque não era necessário  que ele lesse seus poemas.

minhas amigas que lá foram comigo discordam. acharam o máximo e disseram que eu tenho trauma com essa coisa do autor ter que falar. disse que não. é uma posição estética. o autor não precisa re-dizer o que ele já disse. mas é o protocolo. se o autor é poeta e vai lançar um livro, ele tem que ler. nunca fui forçado a ler um poema meu, nunca vivi uma situação que me traumatizasse nesse sentido. mas defendo que há uma discronia entre o autor e seu texto. não há encontro, há esbarrão. o sabor e a graça está no leitor, só nele.

há alguma calma feliz em são paulo. uma sensação de lonjura, mas sem desespero. não há cachorros, vizinhos que tentam furar o teto com pisadas marciais, não há a tentativa de revanche de todo o incômodo causado. não há retratação. não há a sensação de que a vida é muito mais do que isso, senão isso, esse tudão.

viro o ano sem uma casa, reunindo forças para reerguer, para reestruturar.

nunca me senti tão forte na hora da virada.

terça-feira, 6 de novembro de 2012


Deixando de lado o meu mal-estar comigo mesmo, eu perguntei 'in box'como ela ia, ia bem.
-E você?
Primeiro escrevi e logo depois pensei, mas eu não estou bem, por que dizer 'tudo bem, 'estou ótimo', 'estou na correria, mas estou bem'?
Pensei, meu deus, quem iria querer qualquer coisa com um sujeito que não consegue extrair o melhor do pior, auto-ironizar-se, tirar sarro das próprias mazelas, não se levar tão à sério,e, principalmente, não ser minimamente'cool'? Eu ia dizer legal, mas 'cool' é mais legal.
-Estamos por aí, na luta, disse.
É um modo estranho de tentar ser sincero sem ferir qualquer tênue possibilidade de quebrar a barreira entre a sinceridade mais intuitiva e um mínimo senso de amor-próprio controlado.
Muitas vezes esperar resposta de um estranho, leia-se, de um alguém próximo, mas não tão próximo, só faz reafirmar o peso que pretendemos creditar a essa resposta. Os amigos nos respondem através de um jogo de espelhos, e isso turva a resposta.
Estamos falando daquelas pessoas que nos viram sofrer em algum momento e que sabem, todavia, o peso de uma palavra mal-colocada, de uma visão sobre o exato instante de nossas colocações.
O estranho goza de uma autonomia que o permite questionar certezas com a leveza de quem sabe que pode atirar sem ser visto, sem ser acertado também. Paradoxalmente, o estranho, esse não-tão-próximo, goza de uma reputabilidade praticamente incontestável.
-Você tem agido de forma estranha. Um comentário que vindo de um amigo certamente me enervaria, passa sem dificuldade quando dito por você.
-Eu preciso me livrar da internet. Escrevi, mas depois apaguei.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

ando pensando na infinidade de coisas que preciso fazer por mim mesmo e na incalculável descoragem em que me encontro para resolvê-las.

sinto um desânimo fundamental.

deixa a casca romper.

sábado, 15 de setembro de 2012

a rotina faz a gente esquecer. isso é fato.

mas, sabe quando você é invadido pelo cheiro da sua casa, do seu canto de trabalho. pode ser a mistura do cheiro de café com o perfume das pessoas, inclusive o seu, ou o cheiro dos livros com o ar ambiente e o poliflor da mesa lustrada, e, de repente, as coisas parecem as mesmas coisas de sempre, só que mais interessantes, pois, por um momento, parece que não são suas, mas são.

absolutamente nada mudou, mas tudo adquire uma outra feição.