terça-feira, 3 de novembro de 2009

pisca para seu alfere de modo mui sanchesco,
ajoelhado quixotescamente aos pés dela
armadura despedaçada, gesto solene
uma nervura percorre sua espinha,
cheio de amor, quiçá amor verdadeiro
queixo altaneiro, mas de medo tomado
solta tal queixume:

"Te dou amor enquanto eu te amar, prometo te deixar quando acabar"*

Som de tapa estridente, isso para vós que o observam
Ele sentiu mesmo foi um quentume em cheio no rosto.
dulcineamente despontada, a dama levanta discreta a saia
E sai deixando-o inerte, difuso doído e doido.

"Mas que houve, dize-o tu, creio ter dito algo como 'que seja eterno enquanto dure'". Dito que expressa tanto amor!

"Bem, não foi bem isso que proferiste, grão-senhor. Mas creia, foi algo tão, mas tão próximo disso, quase a mesma coisa"

"E o tapa?"

"Veio de bônus, mestre"

"Que bônus, não?"


REFERÊNCIA:

*Arnaldo Antunes.

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