olho pela janela e encontro
palavras suspensas no varal
atônitas, procurando uma boca
ávida por desejar.
lá esvoaçam, não obedecendo
a nenhum padrão, soltinhas
minimamente presas aqui e ali
prontas a voar.
esboça um tango, a vermelha
cheia de si carrega a ventura
como a passar a mão pela cintura
de quem não há.
uma azul esbranquiçada e mansa
baila num rodopio infinito
faz tremer qualquer ciência
que lhe queira dissecar.
a verde, paciente medita
em uma nobre e casta solução
não cede fácil aos caprichos
modera então.
as palavras procuram bocas
pra serem ditas, ouvidas
pra sonhos alimentar.
quando chegar esse dia,
todas elas, no varal estendidas,
despregadas, vestirão
um corpo de desejo ávido.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
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Um comentário:
adorei o poema. tem um efeito sinestesico nas cores, um movimento das palavras balançado no varal... um poema trabalhado, dudu, com um que de esteticismo, pelo menos foi assim que o li. gostei muito. beijo aí, dudu.
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