sábado, 2 de abril de 2011

Acabei de voltar do evento Cidade aTravessa na livraria Travessa no Rio de Janeiro.

O evento consistia em ouvirmos alguns poetas lerem seus poemas e ao fim, uma palestra bem livre com Affonso Romano Santana e Jorge Mautner.

Vamos lá!

Poetas chatos, de poesias chatas, qualidade baixíssima, colegiais. Aos 15 eu e muitos outros já escrevíamos daquele jeito e já achavávamos meio bobão...
Alguns deles são até respeitados acadêmicos como o Evando Nascimento (tradutor de Derrida no Brasil), mas me perdoe, sua poesia é sofrível, cerebral em excesso!
Teve um lá que disse que iria recitar seus poemas....Poeta que fala que vai recitar merece ser jubilado da vida poética.
Outro, derrubou o microfone, leu um texto que devia até ter algum sentido, mas ele fez questão de cagar o pau. Ficou uma merda. Gritos e onomatopéias teatralmente execráveis. Rimos por/de contrangimento.
Teve mais um que esperou palmas desde o primeiro poema lido, mas foi tão mal lido, que ele precisou ler uns 5 pra baterem palma. O fim foi quando um rapaz ao meu lado estava pegando um sachê de açucar e aproveitou pra bater o sachê na palma da outra mão como se fosse uma palma, a  mais insossa e sem graça do mundo.

Resultado: se você é poeta, mas não sabe apresentar seu poema ao público ao vivo, chame alguém que saiba!...pelo bem da sua poesia. Quem inventou essa história de que o poeta é o melhor intérprete de seu poema? Geralmente é ele mesmo o primeiro a estragar tudo!
Escrever o poema e apresentá-lo são coisas totalmente diferentes. Mas, vaidadade, vaidade e vaidade, porque é cool admitir-se vaidoso, e piegas ser humilde e querer subsumir-se em sua poesia, sumir pra dar lugar a ela.
Hoje foi a concretização de todas essas falhas.

Os poetas, todos eles já bem consagrados, com livros lançados, esgotados, aparecem em cult, bravo e afins, estragaram seus poemas. Eu preferia que tivesse me dado cópias impressas pra eu mesmo ler.
Como diria um amigo, se você vai nadar em mar aberto, antes treine na piscininha de plástico em casa, amigão!
Ridículo!
Fiquei pensando, eu esperava mt mt mt mt mt mt mt mt mt mt mt mt mt mt mt mais dos poetas sudeste. Se aquilo é uma espéce de supra-sumo, posso asseverar, o suco e laranja azedou, jogue fora e faça outro.

O único que se saiu bem foi um cara do designer gráfico que levou o livro "A divina comédia" em código I-nigma, um troço meio louco, mas legal...opa!!!...Algo estranho no ar. Quando um cara da Publicidade arranca aplausos e chama a atenção num evento de POESIA.
Ih,...algo não vai bem no mundinho das Letras.

O que salvou foi a palestrinha do Afonso e do Mautner, leves, de boa, atenciosos, responderam às perguntas de frente, e deixaram claro, a poesia é esse troço que a gente pode pensar e pensa, mas também sente, tem que sentir. Lembraram o fato de que uma pessoa acometida de Alzheimer jamais esquece uma poesia aprendida na infância, mesmo esquecendo todas as outras informações.

Gostei disso.
Não espero que nem o Afonso, nem o Mautner revolucionem a poesia, isso é um lance que envolve a galera contemporânea. Mas eles fizeram exatamente o que se esperava deles, levantaram pra gente gente cortar!
Burro, muito burro quem não sacar!

É esse o clima, malandro!

Um comentário:

Deise Anne disse...

bela crítica, Dudu!
a poesia já não tem espaço, quando dão é essa pataquada!

alguns poetas cristalizaram na mais tenra adolescência da poesia e não a madurecem, não permitem q ela seja mais por pura vaidade.

preocupante ver que gente de outras áreas acaba sendo mais ousado e amante da poesia do que quem vive dela.

muitas questões a refletir.
muito bom, muito bom!