os símbolos se decantam, se espargem, se deterioram, entram em decadência porque o tempo atua sobre eles.
aquilo que fomos para alguém é como um símbolo que representa e apresenta uma faceta serial.
a boa namorada que sempre está alerta para seu carinha, o bom namorado, dócil e atencioso, por exemplo, são símbolos de uma paz encarnada na terra, bem rente ao chão.
simbolizam um anseio e uma necessidade comuns. uma figura dócil do outro. imagem necessária e verdadeira roda que faz o mundo sentimental girar.
mas os símbolos não são tão eternos, não tanto quanto a existência, pois eles também se deterioram. as relações que os sustentam também se deterioram, desmoronam e junto com elas a imagem do outro.
uma pena que isso ocorra.
tentar salvar uma 'auto'-imagem é um daqueles desesperos de primeira ordem, é gritar 'o barco está afundando' quando o barco afunda. uma tautologia desnecessária, mas reconfortante.
um símbolo pode ser quebrado, fraturado.
aquilo que eu simbolizava para você (e vice-versa) era mais do que poderíamos ser um para o outro.
no amor, somos como lunetas, meros anteparos que sinalizam constelações de símbolos que nos são caros e urgentemente necessários. uma verdadeira demanda.
quanto mais a lente sirva para alcançar constelações desejadas, melhor sou seu amado.
tudo morre, tudo se deteriora, leva tempo, mas as lentes cansam, os símbolos cansam.
então você, ou mesmo eu, gritamos a tautologia reconfortante, 'está tudo acabando'. está mesmo.
coisas assim nos separam e se impoem como um pé na porta.
eu só queria dizer para você que tudo morre, tudo se deteriora, menos o carinho, porque ele não está inserido dentre as coisas que podemos perder.
carinho não é um território que se ganha e se perde.
não é a luneta, nem um anteparo, é uma constelação.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
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