segunda-feira, 28 de março de 2011

"eu lhe asseguro, pode crer, que quando fala o coração
às vezes é melhor perder do que ganhar, você vai ver" (João Gilberto)

e essa excessiva busca pela beleza estonteante?
como faz?

que a beleza é o cartão de visitas mais comumente trocado pelas pessoas por aí não há dúvida. tem gente que capricha no cartão, mas capricha a tal ponto da cara e o crachá não baterem.
há essa excessiva busca pela beleza e essa estonteante necessidade de tornar-se belo.
antes de mais nada, não faço nenhuma campanha anti-beleza ou de embarangamento,ok? apenas estou apontando uma questão, por quê essa excessiva busca e estonteante necessidade...
a beleza não está apenas no olho, naquilo que podemos enxergar, um rosto lindo, corpo escultural, figurino impecável!...a beleza também está no olhar, no que aquele rosto lindo tem de intenções, como se mostra, no que aquele corpo escultural faz, nos caminhos que aquele figurino me aponta.

não vou tratar da beleza como um assunto acadêmico, acho longo, extenso e parcial e sobre o qual tenho parco conhecimento.

mas cá pra mim, tenho minhas teorias, e uma delas é que a busca excessiva pela beleza estonteante encobre uma desistência (in)consciente por parte da pessoa em procurar um alguém para amar.
algo como, 'já que não tenho amor, terei beleza ao menos'.
ela troca amor por beleza achando que está trocando seis por meia-dúzia, mas está é levando gato por lebre. em algum ponto do universo a beleza pode levar até ao amor, concordo, mas isso não é tão óbvio, não é um fato.
se eu procuro alguém com rara, rara beleza achando que daí surgirá um amor, estou tentando ganhar o prêmio maior da loto apostando um real. possível é, mas não é certo, nem líquido.
se eu procuro a beleza apenas eu estou desistindo de achar o amor. posso admirar a sua beleza, achá-la estonteante, desejá-la pra mim, querê-la em corpo, e esses são todos sentimentos fortes e bons de sentir, mas eles não são amor.
alguém já me disse que quem ama o feio, bonito lhe parece. essa frasezinha o que tem de calhorda e engraçada, tem de bela e profunda. é como se o implícito gritasse por detrás das palavras, 'se você quer mais beleza que outra coisa, vá a um concurso de misses [sic], lá há de se fartar pois é beleza tanta!'
essa confusão entre amor e beleza nos rendeu e rende boas páginas de romances, poesia tanta e vida tamanha, e nada iso pode ser desprezado.
mas suspeito que amor é quando conseguimos trocar seis por meia dúzia felizes de não termos lucrado nada, quando levamos gato por lebre, felizes de termos levado gato por lebre.


é esse o clima...

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