domingo, 7 de agosto de 2011

certa vez me disseram que não sei lidar com problemas.
a pessoa que me disse isso acabou dizendo algo muito acertado.
não sei lidar com alguns problemas mesmo, tipo.
sabe quando aqueles que exigem sua atenção pra serem resolvidos e, após isso, você sobe um degrau na sua ínfima existência? aqueles problemas que, quando resolvidos, te fazem atravessar uma porta, avançar uma fase no jogo da vida? pra esses eu tenho toda a paciência do mundo. porque quando resolvidos, eles passam.

mas sabe aqueles cuja resolução não implica numa definitiva solução e você tem que, volta e meia, lidar com ele, de novo? seus esforços em resolvê-los são apenas meros paliativos. ah, pra esses problemas eu realmente não tenho paciência. isso é um traço peculiar meu, porque me torna inepto (ou seria inapto?) pros problemas que são os mais comuns, para os quais geralmente somos mais requisitados. esses, mesmo quando resolvidos, voltam.

daí que me enfio de cabeça em grandes projetos, desses que te tomam por completo a ponto de você se trancar no quarto por tanto tempo para gestá-lo que, quando sai, esquece até como se abre a porta do elevador ou, o que é muito pior, onde estão suas meias.
vou na máquina de lavar, no varal, no guardarroupa, no tênis e descubro que estão nos meus pés. dormi com elas porque estava muito frio.

a mesma pessoa me disse que eu evito encarar a vida e vivê-la na sua realidade, me refugiando no meu mundo.
olha, é por aí mesmo, apenas com a diferença que não fujo da vida, eu me refugio nela. na verdade, até gosto de pequenas procupações, tirar lixo, lavar louça, limpar casa, pagar contas, falar da vida alheia, imaginar como seria se nossos pais se conhecessem, bolar planinhos pro futuro.
se a vida pode ser encarada, então existem várias formas de fazer isso.
essa é a minha.

esse é o meu clima, malandro.

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