terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ser belo sem caretice
falar a verdade sem tolice
e mais um ano sem sinusite

amém.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

faço parte daqueles que dizem 'oh, que belo céu'
figuro entre os quais, aqui e ali, ainda se dão mal
não estou entre os vencedores
mas me imagino entre mil conquistas

conto piadas bobas, extravagantemente infantis
mas não me faço de bobo, só me cansei de ardis

suspeito que os muito bobos são, de certa forma
veteranos cansados de prestar juramentos à uma bandeira.

não sei o meu lugar certo no mundo que me abarca
mas nem por isso dei de ficar triste, só não sei, só não sei.

domingo, 27 de dezembro de 2009

o ano está praticamente passado. essa foi a minha primeira experîência fora do meu estado. há 9 meses moro na cidado do Rio de Janeiro. aprendí muita coisa nesse tempo todo. passei por um inferno todo pessoal até entender essas coisas. mas passei. descobri limites e afinidades. diferenças e respeito. me vi sentindo o que os outros sentiam e da forma como os outros sentiam. por alguns instantes  perdi minha raízes, minhas referências e me vi imerso num mundo novo. quando estamos longe de casa tendemos a nos tornar mais conservadores, rígidos no nosso código moral, e ao mesmo tempo, tendemos a querer quebrar isso, por estarmos num canto novo, imerso em um outro cotidiano.
o ano está praticamente passado. de volta à família, ao familiar. vamos ver onde isso tudo vai dar. sei que há um paraíso me esperando, ele já se anuncia, ele já se insinua.
o ano está praticamente passado. e isso tudo é só o começo!

Saudações universais!!!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

deixe o disco do roberto na portaria
tão logo eu me empolgue e pego.

os bares onde usualmente celebrávamos
faça o favor, tenha-os por inviáveis.

não se importe com meus amigos
eles até sabem se virar muito bem.

ponha-se no olho do furacão
e deixe a rua por minha conta.

Dessa forma, Carlos Pablito coleciona mais um desafeto, mais um em sua imensa lista.
Aproxima o fogo e o cigarro, bafora três vezes, e veloz diz:
-Calma, Pablito.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

me sinto bem
andando nas ruas
sozinho.

testando
essa incrivel
liberdade.

não sou só
nem sozinho sigo
caminho.

todos nós
sem sandálias
à vontade.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

metade do esforco ao se inventar uma nova cancao de amor reside no fato de não se conseguir abalar pelas que já existem.
e no entanto, nada como abalar-se pelas cançoes de amor que ja existem.
pois as cancoes de amor que ja existem nos alertam para o fato, inventado ou real, de que um ou dois corpos foram abalados.
e aqui estamos.

no contraponto das marés
no mirante da serra
de cara pro oceano.

e a manga pede
pano, pano, pano.


saudaçoes universais!!!

sábado, 5 de dezembro de 2009

feliz ou não.

acho que tudo pode ser compreendido por quem assim o queira.
mas tenho me sentido muito incompreendido de várias formas. por muito tempo, cerca de uns 4 a 5 anos procurei me inquirir profundamente o porque disso, de ser incompreendido. estaria em mim, nos outros? passei muito tempo me penitenciando achando ser comigo. depois penitenciei os outros, achando serem eles. tudo se mostrou inútil como o brilho das estrelas.

ouço tudo o que dizem de mim, se me soa repetido o que dizem, então finjo que ouço, proque me soa como aula de português no ensino médio. e você fica: "de novo!". de tanto saber algumas coisas você acaba esquecendo como faz. e de tão repetitivo, o esquema impede que você aprenda.

já me disseram tanta da coisa, e eu lá, ouvindo. fazendo o 2o ou 3o módulo do meu curso pessoal de "escutatória" (curso que o grande Rubem Alves sugere em seus livros); daí uma hora cansa! ouvi muito e processei um bocado, fiz meu caminho das pedras, e descobri umas coisas, coisas essas que me servem bem, pode ser que sirvam a você ou não.

descobrí uma força minha, bem pessoal, hoje me entendo mais que ontem e antes de ontem.ah, não se engane, isso num é um processo contínuo e progressivo, positivista, fase a fase. como isso se dá é um verdadeiro mistério, mas se dá.

descobrí essa minha força e seu ninguém tira ela de mim. muitos, pra te amarem, vão tentar te domesticar, te por na linha, e dentro dessa tentativa tem um monte de boas coisas, mas tem umas muito ruins.

incompreensão. quando você vai entendendo o seu próprio processo, o ir e vir das ondas desse mar pessoal, ai então você se torna indesejabilíssimo!!!

"como assim você está se entendendo? como asssim? mas isso parece sobre,super humano (e não é), não é possível. poeque você se considera melhor ou diferente de nós?"

daí a você sofrer uma série de incompreensões, é um pulo!mas acredite, me deito todo dia e essa força está lá, pronta, segura, como uma chama eterna, as vezes apagadinha, as vezes forte, mas sempre lá. e ninguém apaga, de forma nenhuma. no momento em que isso vira uma atitude de vida, você será rechaçado, quão mentiroso você é!

você ouvirá muitas coisas, elas entram e saem.porque o que está fora, um dia sai, mas o que está dentro, sempre retorna pra dentro.

não sei como sanar isso, mas já não me desespero, nem encaro com cinismo, nem deixo rolar à solta. sei que semrpe será dificílimo ser compreendido, porque também é difícil compreender.é dificil entenderem que você tem um projeto, quer desenvolver algo, fazer essa coisa crescer. é difícil.não me acho nem melhor nem pior que seu ninguém, mas se eu descobrí minha força, desculpa.

saudações universais.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Carlos Pablito e a vertiginosa sistemática das coisas.
o jeito então é dizer, dizer
pra não servir de dito.

o jeito então é rezar, rezar
pra não se fazer de rogado.
essas coisas levam tempo, precisam apurar
pra, dessa forma, não nos deixar em apuros.

domingo, 29 de novembro de 2009

Contágio

feliz ou não
a certeza está lá
na fala que diz
tudo pela razão.

se você fala branco
preto não posso ver.
se você fala longe
perto não pode ser.

mesmo cheia
de muita ironia
sua fala lá está
no que você quer dizer.

vejo no que diz
tudo que quero ver.
mas no que você diz
só vejo o que quer dizer.

o mais ou menos
é da conta minha
a intenção conta
e o resto desaninha.

me pergunto então
o que é certo.
se errada é a questão,
se o chão é teto.

respiro o mesmo ar
que você respira.
se é certa sua fala
no ar ela habita.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

faz tempo esse texto me inquieta.


qual a função da sala-de-estar?

abrigar temporariamente pessoas as quais você não abrigaria, nem temporariamente, em sua cozinha ou quarto.

o quarto por ser de foro íntimo. lá é seu e dos seus.
cozinha porque é lá onde se prepara, onde se reúne, sentado à mesa, no chão, ao pé da geladeira.

quarto e cozinha não são cantos pra pessoas indesejáveis. a sala-de-estar se apresenta como um intermédio, fácil de entrar, mais simples ainda de se expulsar. tudo com/sem cerimônia.

minha cozinha e quarto andam meio vazios, as paredes parecem mais largas e a distância entre os utensílios domésticos se agiganta. mas é por tempo, tempo só. já me peguei em desespero.

-fará um ano e minha cozinha e quarto continuam vazios.

por conta disso já me vi tentando preenchê-los com um estofo muito do fajuto. é que tenho pressa, urgência. longe de casa, dos amigos, o meu mundo parecia uma ambulância veloz à caça de enfermos.

hoje, no ponto do ônibus, ruminando certa fome, esperando a condução, percebi o quanto é perigoso fazer da minha vida uma sala-de-estar, permitir entrar gente que suja parede, derrama refrigerante no sofá, derruba o controle remoto no chão...ah, paciência.

paciência, quarto e cozinha ainda serão mui bem habitados por gente que diminui a distância entre os utensílios e faz as paredes pararem de alargar.

pessoas sala-de-estar
pessoas quarto-cozinha

diferença básica:

pessoas sala-de-estar te cansam, são medianas, medíocres e te cooptam...você quer ser mais?você quer ser alguma coisa a mais?não vá, fique aqui, a vida não é muito mais que isso, mas se for, relaxe, senta no sofá.

pessoas quarto-cozinha te cansam, porque nada para, há um movimento contínuo entre fazer/preparar e relaxar/descontrair. há mais vida ali, além,
há inclusive vida lá na sala-de-estar, vamos dar uma passadinha lá, olhar nos olhos, dividir o que há pra ser dividido, e voltemos pra nossa cozinha-quarto.

pessoas medianas te fazem esquecer que há um plano, te fazem perder o espírito da coisa, te devassam. repúdio.

pessoas medianas usam toda a artificialidade da sala como escudo, quando estao em seus quartos sentem-se esmagadas pelas paredes e na cozinha...só há pretextos pra se dirigir pra sala.

a sala não é o lugar de pessoas desejáveis. basta perceber o intenso fluxo ali reinante.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Estávamos num self-service
Uma mesa pra quatro
Mas éramos só dois.
Por mais que oferecesse
Meu coração numa bandeja
Nem como sobremesa
Sentira o imenso prazer
De sequer uma garfada.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

marco na agenda um novo dia.
começa aqui o que terminou ali.

domingo, 22 de novembro de 2009

o que você precisa é de um bom café, uma reza forte e um affair.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

sozinho em um quarto razoavelmente grande
um copo de cerveja ao lado, um violão do outro
livros empilhados e em cima deles um saco de salgadinhos.
beatles.
here
there
and everywhere.

explica como uma banda diz tanto, suscita tanto
e vai no justo, lá onde tão poucas vão.
lá é onde o coração habita
e por ordem e decreto o coração quer ser habitado.
(espécie de campo sempre fértil)

peguei esse mistério, misturei com maizena pra engrossar
pus um tempero pronto e deixei na panela
apurando
enquanto a última cerveja gela.
viva o calor do rio
santos os ventiladores
sagrados os aparelhos de ar-condicionado.

amanhã acordo, faço um café
olharei com desdém os bobos passando na rua
poucos, só eu, creio, lhe dirigem o olhar.
ponho fora o lixo, me assusto com a senhora sentada na escada
fumando e bebendo vinho, digo bom dia e ela só me olha
ela me olha com o mesmo desdém com que os bobos na rua eram olhados.

alguns dizem adeus, outros dizem oi
mas todos estão em campo aberto, cada um pro seu lado
fingem andar em linha reta
pouco tempo depois se esbarram.
todos os caminhos não levam à Roma
todos os caminhos levam ao outro.

sozinho em um quarto razoavelmente grande.
razoável é uma palavrinha safada
passa por boa sendo má, má, má.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

acho invejável quem fala por estereótipos
muito.
não acho superficial
nada.

alguns estereótipos
tem a leveza, a discrição
de uma brisa.
te fazem sentir o mundo
sem aquele peso do furacão.

mas é preciso cuidado
ouvido atento e muita afinação
pra brisa não virar neve
uma avalanche de incompreensão.

nessa hora
pode ser que o gato
vire lebre
e a neve
furacão.

domingo, 15 de novembro de 2009

coisas assim me impressionam.

o leite turvando lentamente o café
o fogo aquecendo a água
o extrato virando suco.

coisas assim me impressionam.

por serem caseiras
e estarem sempre à mão
quando delas precisamos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

-claro, a sua alegria é legítima, mas é que o debaixo é meu.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

quantas vezes mais quantas

saio sem carteira
tropeço na beira
me enrolo com as compras


tantas vezes mais tantas

o amor pede abrigo
o abrigo cede calor
e imagem alguma se compara.
algumas coisas merecem nosso cortejo, nossa circunspecção
outras não.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

...é no susto.
alguns gostos perduram.
não na boca
mas na memória.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

traga suas águas,
mas sem pressa
sem represa.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

o diabo mora nos detalhes.
pisca para seu alfere de modo mui sanchesco,
ajoelhado quixotescamente aos pés dela
armadura despedaçada, gesto solene
uma nervura percorre sua espinha,
cheio de amor, quiçá amor verdadeiro
queixo altaneiro, mas de medo tomado
solta tal queixume:

"Te dou amor enquanto eu te amar, prometo te deixar quando acabar"*

Som de tapa estridente, isso para vós que o observam
Ele sentiu mesmo foi um quentume em cheio no rosto.
dulcineamente despontada, a dama levanta discreta a saia
E sai deixando-o inerte, difuso doído e doido.

"Mas que houve, dize-o tu, creio ter dito algo como 'que seja eterno enquanto dure'". Dito que expressa tanto amor!

"Bem, não foi bem isso que proferiste, grão-senhor. Mas creia, foi algo tão, mas tão próximo disso, quase a mesma coisa"

"E o tapa?"

"Veio de bônus, mestre"

"Que bônus, não?"


REFERÊNCIA:

*Arnaldo Antunes.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

feriado é um dia fadado ao relaxo.

pé pra fora da rede
vinho e provolone
capricho de som no estéreo

pernas e braços esticados
na mesa de um bar vagabundo
salaminho e risadas.

feriado é um dia fadado ao relaxo.
Que fracasso que nada...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Metade da arte narrativa consiste em evitar explicações" Walter Benjamin

Quando se preenche o espaço
com muitas explicações,
O branco da página, repleto de vida,
perde suas razões.
Nada como a presença,
Sem um instrumento
De precisão cirúrgica
Ela desarma a bomba.
sabe o que acontece
há muitos livros amontoados na mesa
um violão de cordas sujas e antigas
...toma, filho, será seu primeiro violão.

sabe o que acontece
fiz um bolo do meu lençol quadriculado
e roupas amarrotadas quase despencam da cama
...calma, querida, só por hoje serei um mal exemplo.

sabe o quê, acontece.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

...e ainda tem que ser simples e belo.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

dobrar lençol. segurar as duas pontas, prender no queixo e juntar os braços à frente.
formar pequenos quadrados que se abraçam entre gravuras geométricas ou florais.
até que ele caiba elegantemente por debaixo do travesseiro ainda aquecido.

em média
um lençol suporta sete dobras.

sábado, 24 de outubro de 2009

a veracidade é tipo uma verdade de vera.
e esse devagar que não chega
e esse longe que demora.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

eu queria fazer uma canção
absurda e revitalizante
sorrateira e suave.
mas me coça a mão
me falta o instante
ferido de ave.

sábado, 17 de outubro de 2009

aspirando canção.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

assim é o coração
vale enquanto pesa.
o coração é assim
vale quanto pesa.
no caminho de casa
tudo tem outra feição.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

 sua mãe olhou nos olhos
você
pôs fora da boca um nome
aquele que mais causa
e chamou de Esperto
você

que sempre sabe
sempre se adianta
sabe sempre de cabeça
o que nem sequer
sabem os outros.

esperto, você me olha
e adivinha pelo meu
calcanhar de leve ferido
todos os meus revezes
minhas mazelas escondias.

sua mãe chamou de esperto
você
pôs no nome uma sorte
botou fé que ela pegasse
você

escorregadio e esperto
muito pouco sabe de mim
você
se é de fato esperto ou deixam
ser esperto alguém tão bobo
você.
você me conhece
ando por aí
no ar
no mar
fluindo.
mas
se algo me detém
faço birra
faço cara
careta
viro neném.

você me conhece
ando por ai
e se toparmos
numa noite
sem dia
faço festa
festança
viro alegria.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

me solte

mas não me largue.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

a voz é um grão
plantada num solo fértil
dá uma sinfonia.
me largue


mas não me solte.

domingo, 4 de outubro de 2009

provavelmente o dia de amanhã não terá o mesmo gosto do de hoje.

porque o tempo passa a limpo, mas nunca em branco.

sábado, 3 de outubro de 2009

as pessoas são as mesmas, o que muda é a sensibilidade.
a felicidade tem data e hora certa,
desnecessário o auxílio 'luxuoso'
de um relógio, um calendário,
de uma dessas máquinas que obrigam as coisas a darem certo.
a felicidade tem data e hora certa
desnecessário o auxílio 'luxuoso'
de uma agenda, um horário,
de uma dessas engenhocas que nunca fornecem o que é certo.

parabéns, deise.
uma espécie de menina bordada.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

...não tem problema, a gente faz um concerto de dispersos.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

seja feliz
e aguente.

se não em engano era isso.

domingo, 27 de setembro de 2009

-as pessoas choram pelos mais variados motivos, acredite.
-sério?
-hanram.
-ah,num acredito...sei lá...
-pois pode começar..


...a chorar ou acreditar?
isso ele esqueceu de dizer.
e eu, de perguntar.
duas coisas acontecem no meu coração...intermitentemente...


sístole e diástole.


dito isso o bar fechou.
todos os cães vadios calaram.
malandro botou a viola no saco
e a manhã fez o seu trabalho
amanhecer.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

onde há muitos segundos
é porque faltam primeiros;
aqui sobram terceiros.

sábado, 19 de setembro de 2009

aqui, no meu coração, as pessoas vem e vão.
umas mais vem.
outras mais vão.

da chu.
você não é importante
você só importa.
você confia na certeza.

você desconfia da incerteza.

você não acha incerto ter que confiar e desconfiar
de tudo?
O amor fulgura sozinho
No alto.
Em caixa alta
e negrito.

Os personagens desse idílio
figuram discretos
numa nota de rodapé.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

é sentindo que se faz sentido.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

vento frio pela janela
um jazz no estéreo
roupas dependuradas.

acúmulo de xícaras de café.

a descrição
discretamente
nos segreda.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

de lança em punho
vamos nós
nós
nossa falange.
ando incompleto.
sinto o fulgor de mil planos mirabolantes, a mágica de fazê-los reais e a desavença, o descompasso entre minhas pernas, o caminho e o plano.
ano incompleto.
não dependo de mim, meus planos sim. sem mim, eles vagueiam por ai, nas bordas dos livros, no silêncio entre as canções, no entreabrir da cortina. sem eles apenas folheio livros, escuto canções e assisto peças.
ao incompleto.
decerto volto só no metrô. mas o metrô todo está só também. não há uma alma morta, todas vivas, sozinhas, por um domingo.
o incompleto.
por onde vou é preciso ter dupla visão das coisas e falar único, cheio, certo. por sobre esse rio muita ponte se construiu. de igual modo, sob essa ponte muito rio passou.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

o passado a gente carrega nas costas
o futuro, na cabeça.
passando incólume por mais um domingo.
qual o plano?

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

2.

nunca falo de mim
não me ponho no meu devido lugar.

contorno o que digo
apenas retiro a pedra do calcanhar.

ponha-se no meu lugar
fique exatamente onde eu fico.

onde couber uma palavra
Tudo ainda valerá.

suspiro e me intrigo
meu joio anda sem trigo.
1.

olho reto
sempre em frente.
constantemente esbarro
em quem vai do lado.
não olho, a não ser de soslaio
pois ninguém haverá.
só olho pra frente
olho reto.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

os segundos se abalam
e os minutos correm atrás da hora;
o relógio que não me deixe mentir.

gordo, o ponteiro das horas
trota devagar, a cavalo.
maior e mais leve, o ponteiro dos minutos
trata de apressar, um corcel.
magricelo e desesperado, o ponteiro dos segundos
salta em disparada, um caça.

todos correm atrás do tempo
que não corre atrás de nada
e se desfaz em urgências
ambulância na auto-estrada.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

você precisava dizer
eu, ouvir.
há nisso um vem-e-vai de águas
difícil de se nadar, mas muito bom
de se ver.
preguiça de fazer o que gosta
de sentir a vida dando certo.
explica essa manobra dantesca
de quixotear-se a torto e direito?
o passado deu aquele muxoxo
deu de ombros
soslaio de desdém
fez que não ligava e não ligou mesmo.

até hoje o futuro, estático, pregado
ao lado da mesinha de telefone
espera por esse passado
constantemente envolvido em esbórnias
visto e revisto em chafurdas
de cair o queixo.

o passado, agora livre do futuro
pode melhor usufruir do presente.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

é só borra, resto de café numa xícara vazia
na mesma estante um filósofo pós-moderno grita
pra desligar o som, nada de jazz nem blues
e de quebra me pede: desligue o abajur.
nesse coro não sei bem se faço terça ou quinta

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

no dia em que tudo isso fizer sentido.
Prometo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

as coisas somem com a mesma assombrosidade com que aparecem.
o que eu ia dizer se perdeu.
não que tudo esteja perdido,
só o que eu ia dizer.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

rezar é fácil
difícil é conseguir
a graça.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

toda tardinha corro só
só não sei do que corro.
se de medo, raiva ou amor
de alivio, cansaço, torpor.

toda tardinha corro só
pra me chegar nos da frente
e pra fugir dos de trás.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

bem depois da colina lá
há um mundo, disseram
onde as pessoas não choram.

bem depois da colina lá
há um ditado, disseram
quem não chora, não mama.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

chopin
deitado no divã
de leve contrariado
disse: bach
-olha onde foste amarrar o teu burro, coração!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Monkey Man solto na selva de sentidos!!!
um rio
nado.
um copo
bebo.
um credo
rezo.
um disco
ouço.
um osso
rôo.

uma calma
peço.
uma falta
meço.
uma cama
deito.
uma fama
mereço.
As pedras que eu engolia
Hoje fazem igrejas
templos de oração
prostíbulos inabitados.

botar pra fora faz bem.
se eu pudesse
amaria.

se eu pudesse
arriscaria.

se eu pudesse
poderia.

"se eu pudesse"
é santo que nunca
salvou ninguém.
é maravilhoso.
é fantástico.
de embasbacar.
extra-ordinário.
mas é só a vida
acontecendo.
é ridículo.
é intolerável.
é absurdo.
inconcebível.
mas é só a vida
acontecendo.

domingo, 23 de agosto de 2009

domingo tem som de viola quebrada.

sábado, 22 de agosto de 2009

e as nuvens?
sob seus pés.
onde estão seus pés?
nas nuvens.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

você tem um nome na cabeça
e cabeça pra mais nada.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

a pedra vai alcançar teu dedo
o quente vai queimar tua boca
a calçada chamará sua carteira
o drama requisitará o seu amor


a necessidade chamará o teu riso
repoonda.
o sono atravessa a noite
erra o caminho e volta.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

por força de silêncio
falo

terça-feira, 18 de agosto de 2009

minha tribo
nunca invadiu
a sua.

nunca dançamos
sobre os seus
despojos.

respeitávamos
a sua dança
sagrada.

arco abaixado
para os seus
na mata.

minha tribo
saudosa busca
uma maloca.
-E essa cara séria?
-Que séria, Amélia!?
-E essa tristeza?
-Que tristeza, Teresa?!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

na sua calçada só passa trator
jogando as pessoas ali na estrada.
o modo vira tema quando
sua falta é o problema.
quarto, sala, cozinha.

descreve um imóvel
e um móvel também.

domingo, 16 de agosto de 2009

você rumina as coisas
elas vão lá e te ruminam de volta
só de birra.
Você bem que podia me deixar habitar lá.
você esqueceu o essencial
é da sua essência isso
esquecer

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Prato farto sobre a mesa,
é de certeza que me lambuzo
não desanime
nem por ordem,
nem por decreto.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

o café fervendo
a roupa secando
a alma lavando

terça-feira, 11 de agosto de 2009

não vê que o defeito é assim uma espécie de efeito do tempo sobre a gente?
meus olhos estão cansados
preciso ser complacente comigo
o dia se avizinha pela janela
o tempo me acorda com um grito.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sumário.

é só uma palavra
e o o que sei de ti.

sábado, 8 de agosto de 2009

eu errei
mas não me fiz
de rogado.
só roguei praga
porque hei
de ser perdoado.
No gingado do seu balé
Só mané cai.

Caí, mas estou de pé
E você, vai?
Quando é que o senhor
Vai parar com essa lenga-lenga
De por em duelo 'pensar' e 'sentir'
?
aquela canção era sua.

despoticamente
eu a retiro de você
e você dela.
sedenta de amor
ela consome uma coca-cola
290 ml.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

tanto sonho, tanto sonho
brigando por uma realidade.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

-...qual é?de bobeira?
-...não,não...esperando a Aurora!
entre o chão e o céu frios
...um corpo quente.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

não fui desonesto
nem quebrei regra nenhuma
mas você me mata a unha
se eu digo o inverso
Você sente, pára e pensa.

Tanto luxo, me diga
Quem aguenta?
tanto dormi que acordei.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Qualquer dois tostão
Resolve a questão.
Só na queda descobrimos:

O coice vem a cavalo.
...o olho não,
o olhar.
O relógio atrasou uma hora sozinho.

Fez o conflito no mundo dos relógios.
Quando o nosso mundo desaba
Nunca paramos pra pensar
Que ainda resta todo o universo
Vale pra mim
E pra você também.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Nesse verão tudo vai ficar bom, meu bem.
tomei um sorvete e lembrei de você
ah, deus! me diga...sorvetes, pra quê?
Existem mil motivos para se beber
E mil e um motivos para não.

sábado, 1 de agosto de 2009

Nunca acerto a questão,
Quem veio primeiro
O queijo ou o pão?

Mixto quente

hoje tem futebol,
feliz do caracol,
não sabe jogar,
não sabe correr,
antenado,
contempla o sol.
Pé esquerdo, pé direito

Prum lado, pro outro

Pra frente, pra trás

...

Meu pé, meu querido pé
Só me leva aonde a cabeça quer?

sexta-feira, 31 de julho de 2009

vou rir baixinho
pra você não se ofender.
...honey, só não desligue o desejo.
Descobrir o segredo da vida e roubar um Picasso, pra quê?
O dito e o feito sem o visto chama-se 'quase'.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Estufa o peito e diz: bem-feito!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Na fila do metrô:

O lado B da satisfação é o muito querer.
O novo sem o diferente é quase como o velho disfarçado.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

a simplicidade da calma é mais causa que consequencia

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Na estante

Não, não vá. Façamos assim
A noite é imensa e desproposital
Deixe que eu olhe seus olhos
Seus imensos olhos abissais

Não, não vá, é o que te peço
A noite já virou madrugada
Nem prata nem mesmo aço
Cortam tão e mais fundo.

Não, não vá, te peço no olhar
Balbucio um motivo, coisa à toa
Acordo subitamente da estante
onde, sentado, pensei isso tudo.

ai, eu descí, só desci.
Não existia você, ninguém
Apenas desejo que se perde
que se consome.


O mesmo desejo que separa
O prato do pedinte, e une
O pedinte ao prato, escapa
De minhas mãos e paladar.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Iguaria

em tempos pós-modernos, a referência é quase um caviar.
Uma dor funda, o coração sem mãos pra segurá-lo
As pernas sem direção, sem destino pra rebater
Rasgo a blusa na falta de um peito pra dilacerar

Tudo isso passou quando abri a geladeira e enchi de água o copo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

meus amigos, meus comparsas...

...daqui a poucos dias estarei de volta a Fortaleza. Causará certa estranheza ouvir novamente esse sotaque nosso (pq é tb meu),esse nosso jeito meio enérgico, mas cheio de graça. Chego num meio de semana, não será possível ver todos, todas as pessoas que me são caras e que desejo rever. terei pouquinho tempo pra vê-las, tomar uma gelada no barzinho, senti todo o clima dessa cidade que me fez tanto, que me fez tão afeito a ela.

serão encontros furtivos, rápidos, urgentes...será bom rever, e rever é ver com o outro olhar, aquele que nunca será mais o mesmo olhar, mas cheio de graça ainda. não sei e não quero saber do que vou esperar..."o que eu vou ver, eu sei lá"

...daqui a poucos dias estarei de volta pro cantinho que mais me constitui. lá onde não preciso me explicar, pq me aceitam, lá onde não faço caras nem bocas pra fazer imagem, lá sou sorrisospra cada um dos seres que me fazem inspirar fundo e sempre evitar o fundo.

são meus amigos, comparsas do meu crime...o mais elaborado e bem acabado...ser feliz de olhos abertos e fechados.

saudações universais!

sábado, 13 de junho de 2009

baile dos namorados

ele sentou numa mesa de bar
vagabundos, ele e o bar
lá pelas tantas de cerveja
entre um petisco e outro
soltou:
não quero alguém melhor que você
quero alguém melhor que eu

esse dito fê-lo erguer a mão
pedir a conta e nunca mais
cair nessa de comemorar
o dia dos namorados.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

leve esse seu desespero pra bem longe de mim
vi nos livros,
nos discos,
na conversa em mesa de bar,
nos espaços em branco entre cada palavra,
vai dar certo.
ah, mas vai.

leve esse seu desespero pra bem longe de mim
me deixe aqui pulsante e inquieto
longe do desespero, mas debaixo de um teto
leve essa agonia pra longe, pros confins

vai dar certo
ah, mas vai.

eu vi não sei se foi no jornal, na televisão
ou num rock indie que me caiu nos ouvidos
não sei bem onde foi, mas ouvi
sei que vivo dentro e fora de uma canção.

leve esse seu desespero lá pros confins
do mundo, de mim, de quem não crê nisso
é cheio de sorriso que mando o recado
e lá, ressoa, resvala esse meu grito

vai dar certo
ah, mas vai.



"She and Him"...muito bom disco...o clima é esse....

Saudações universais!!!!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Malandro, olha a displicência!

DISPLICÊNCIA

Você quer viver só de amor
Mas de amor não quer morrer
Quer queimar-se nessa brasa
Mas reclama ao sentir doer

Você quer consumir, veja só
O que na vida há de melhor
Mas, se lhe cobram um vintém
Finge pra todos que não tem

Tire da chuva o seu cavalo
Sua crista trate de abaixar
Do amor,tudo o que se sabe
É muito pouco pra se gabar

Pise bem de leve nesse chão
Onde muito já se escorregou
Espere essa massa virar pão
Que a tantos já alimentou

Digo, decerto com ciência
Aguarde pela hora da virada
Quem no amor não acha nada
Vive em eterna displicência

quarta-feira, 27 de maio de 2009

olho pela janela e encontro
palavras suspensas no varal
atônitas, procurando uma boca
ávida por desejar.

lá esvoaçam, não obedecendo
a nenhum padrão, soltinhas
minimamente presas aqui e ali
prontas a voar.

esboça um tango, a vermelha
cheia de si carrega a ventura
como a passar a mão pela cintura
de quem não há.

uma azul esbranquiçada e mansa
baila num rodopio infinito
faz tremer qualquer ciência
que lhe queira dissecar.

a verde, paciente medita
em uma nobre e casta solução
não cede fácil aos caprichos
modera então.

as palavras procuram bocas
pra serem ditas, ouvidas
pra sonhos alimentar.

quando chegar esse dia,
todas elas, no varal estendidas,
despregadas, vestirão
um corpo de desejo ávido.

terça-feira, 26 de maio de 2009

dois pra lá, dois pra cá

pronto, você é a minha musa!

não é assim...

por que não, se é tão mais fácil?

mas não é assim, eu não quero ser sua musa.

não?

bom, ainda não...mas

esse teu mas é como um violão quebrado na minha cabeça.

não quero ser musa, acho. falei.

então, quer ser minha namorada?

melhor, muito melhor.

deram-se as mãos, beijam-se na boca e vão por ai. ele, sem musa, ela, sem poeta. algo me diz que podemos chamar isso de habitar poeticamente o mundo.

ah, dançam todo sábado na gafieira.

sábado, 23 de maio de 2009

Não vamos falar de solidão
... que custa muito a acabar e é assunto sem volta.
Tampouco vamos falar de politica
...que ao lado de religião e futebol, não ouso.
E passado é assunto já pra lá de passado
...que é só poeira, entulho, glória e lamento.
O diacho diz pra eu falar de sentimento
...que é jogo de empate, mas todo mundo quer ganhar.
Convém falarmos da natureza
..que é beleza até...ser tocada.
Palestremos então sobre seu Zé, aquele do bar
...que é pra falar de tudo e acabar falando nada.

Do que vamos falar, meu amigo
Nesse princípio de madrugada?

Não sei, vamos falar, só falar
Me vexo demais em ver aqueles
Que, por medo de não saber o que falar,
Não falam e não se livram de se curar?

Curar de quê, cara-pálida?

Não sei, de uma doença qualquer
Porque a gente só adoece e se cura falando
Pra dentro, pra fora, pra alguém, pra nada.

Deixe de extremo e passe logo a gelada

É esse clima aí, malandro!

*essa idéia de adoecer e se curar na linguagem é na verdade algo que li em BARTHES, Roland.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu quero ver verdejar

O pai toma seu filho pela mão
Caminhavam pela praia lotada
Em meio a tudo, ele pára
Olha nos olhos seu filho
...
O tempo correu, correu muito
Parecia ontem que cantava
"O filho que eu quero ter"
E chorava na janela da condução
...
Estava lá, parado e olhando
Repleto de encanto e magnamidade
Depois servil e plácido
Espelhando candura no olhar

...
O tempo não é esconderijo
Mas é bem a nossa morada
Olhando seu filho, sentiu
Todos seus passos na estrada

...
Dissera, não largarei nunca
A tua mão que é frágil
Mesmo quando o tempo
Te fingir que ela é segura

...
Não sei o que faça, nem o que diga
Tenho em meus braços
Uma pequena onda de mim
Quebrada nas praias sem fim

..
Tenho em meus braços
Meu menino camarada
Aquele que na jornada
Verdejará por mim.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

À fina força

Quarto meio escuro, mas sem alarde. O escuro deixa meus sentidos mais atentos.

Tenho pensado sobre o que me constitui, de que material sou feito, qual sua durabilidade, qual seu nível de elasticidade. Pressionado, resiste quanto tempo, e quando curvado em excesso, dilacera assim, fácil fácil ou permanece?
Sujeito a altíssimas temperaturas resiste mais que um soldado de chumbo?Aliás, é de leveza que me constituo, etéro e solto no ar ou fixo como mesinha de telefone no chão?

...um quilo de pena ou de chumbo, não interessa, sempre um quilo.

Ah, sei algo de fato sobre o material que me constitui. Procura adaptar-se,mais que isso, procura.
Mas nisso entra então numa boa enrascada. Dia desses eu andei com passos desatentos, só andei e me veio

"O que não se obtém a grosso modo, é porque virá à fina força"

Isso veio. Isso veio depois que assisti a uma palestra da biógrafa do Cartola que conviceu com ele durante anos. Ela falava, eu me arrepiava, lagrima contida, no canto.
Sai de lá, entrei na Carioca, peguei minha condução e sentei a pensar...a sentir... e me veio

"O que não se obtém a grosso modo, é porque virá à fina força"

E chega de demanda, malandro, pretender a vida é melhor que sonhá-la.

Deise, feito o "Barão nas árvores" (Italo Calvino) eu subí numa árvore, fiquei lá, mas descí, só descí.

Just a Monkey Man.

sábado, 2 de maio de 2009

'só os meus vícios que eu gosto de guardar'

'you´re my inspiration, please, remember me'
Beatles

Queria gastar os dias com inspiração pra que eles nunca se desgastem. Sei que assim falando parece que pretendo realizar um sonho, é bem isso. Mas entenda, inspiração não como divino, sagrado ou por aí.
Inspiração como voltar o olhar pro outro e deixar o outro retribuir o olhar. Há nesse movimento algo completamente incompreensível, um gesto de amor. De início já é bastante incomum nos permitirmos esse movimento, pois gesticular pras coisas apenas é desprezar o gesto das coisas pra nós, e quando eu, você, qualquer se permite esse instante-polaróide, eis, é inspiração.Sabemos, que no fundo, não estamos sozinhos, sabemos que há algo que 'existe', e que talvez nunca será explicado, deturpado, retorcido e da qual muitos duvidam que exista até.

Há também quem se proste esperando o gesto das coisas, o olhar do outro e não gesticula,nem age. Qua falta de inspiração! Sentar na beira do mar,achar lindo a onda lambendo a ponta dos seus pés, e o mergulho que era pra ser no mar, acaba sendo em si mesmo, encimesmado.

Inspire fundo, Martha, my dear, I say it just to reach you.

E agora, Monkey Man, vamos no esquema 'café pra acordar'...


saudações universais.

domingo, 26 de abril de 2009

é esse clima malandro...

errado assim...
de todo jeito assim...
parafrasendo Lobão: "Vivendo mil anos a cem ou cem anos a mil?"
Ainda não sei, mas chama a Valerie que ela sabe....
Aliás, ouço essa música agora.
....

Me sinto encostadaoo ombro de alguém...
Lembro até de ter elogiado seu cabelo...cateia-a no ar...melhor dizer que ela me catou no ar. Catou? Demais, filho.rs
....

Mil canções começando surgindo, mas falta um tempo a sós...surgirá.
Descobri... musicar me faz processar mió as coisasa

...
Entristecei por conta dmas coisas ai , alegrias adiadas..


Mas, um verdadeiro Monkey Man num morre à toa.

Para a vida não há prazo.

saudações universais.

sábado, 18 de abril de 2009

Saberia dizer com muita propriedade do que falta, do que não está, daquilo que se mostra ausente, justo pelo fato desse ausente se mostrar como recoberto por uma aura, aquilo que foi, e que, se foi bom, não pode ser mudado. Isso nos enche de respeito pelos nossos próprios sentimentos.

Saberia discernir com muito juízo e clareza sobre os meus sentimentos. Mas não custa lembrar, falar sobre uma coisa é falar por cima dela, do lado dela, embaixo dela, falar como se fosse algo externo."Oi, sentimento, tudo bom?". Falar sobre algo nunca é falar desde esse 'algo', como se de dentro dele nós deixássemos sair uma fala, a mais sincera, pois não estávamos falando sobre algo, mas de dentro de algo.

Te disseram que ia ser fácil ,ou pior, você estava se preparando todo pra algo indescritível, algo que não dá pra prever?
Seja bem-vindo.
Mas trago algo em mente, uma frase que me diz muito no seu perfeito silêncio e na dose de 'fé' necessária pra proferí-la...."E eu continuo acreditando que no final tudo vai dar certo"

Vai, porque um dia olharemos pra tudo isso e tudo isso será passado, recoberto pela mesma aura que sempre reveste aquilo que passou. O que dá pra mudar é o presente, é dentro dele que não podemos nos perder, afastar-nos de quem amamos, impossibilitar os acontecimentos. O passado é uma ficção perfeita, o presente a grande sacada.

beijasso.

domingo, 12 de abril de 2009

é dia.

não há o que temer.
o olhar é pra frente, pra frente, velha amiga.
o que ficou pra trás, com todo o bem e com todo o mal, acabou.
alguma mão insidiosa e cheia de poder abafou tudo
e não faz bem derramar lágrima alguma.

não há o que temer.
ponha no som aquela canção que te acaricia
mas que não te transporta para o passado
deixe disso que o ontem não existe mais.

façamos como o ônibus que atravessa o Rebouças
entre o claro do início e o do fim há um escuro no meio
mas ele simplesmente atravessa o túnel, e nós, seus gentis passageiros
agradecemos cheios de alívio.

o corte está feito e você deve saber isso
e até dia desses ainda procurava pela faca
mas agora, nesse exato momento abdico dessa busca
em miúdos, quero o corte e nada mais.

antes éramos uma mistura indiscernível
com todo o bem e com todo o mal
como os pontinhos de luzes na favela
misturados com a luz das estrelas do céu
indiscerníveis, à noite, mas de dia...

eis que chega o dia aqui
é dia, vou cantar
é dia, o sol brilha
é dia.

é esse clima, malandro....o negócio é sério, mas a gente vai brincando.

saudações.

sábado, 4 de abril de 2009

Ao meu lado direito: uma garrafa de café
No som: Cachorro Grande
Ao meu lado esquerdo: um celular e dois controles remotos.
Nas costas: o passado, cheio de tin-tins por tin-tins.
Na frente: uma tela em branco
No pensamento: a vontade de um tapete voador.

Não parece muito, nem ter muita importância
Mas a vida acontece assim,
E digo a mim mesmo:
Cuidado com as belezes e feiúras do mundo
Elas sempre nos rondam

Saudações universais aos espíritos inquietos!

domingo, 29 de março de 2009

Hoje é domingo pé-de-cachimbo.

Mais uma dia na cidade maravilhosa. Dia de churrasco. Aniversário do meu primo.
Semana puxadas, boa, correndo contra o tempo, desafiando limites...é esse clima aí malandro...

Ontem à noite muitas coisas, muitos fatos saíram da obscuridade...obscuridade que o tempo tratou de entulhar e entulhou.
Muitas coisas que mereciam ter sido ditas, muitos sentimentos e impressões que poderiam ter proporcionado mil e uma conjunções interplanetárias.
Mas simplesmente as ouvi, palavras ingratas...que parecem necessitar desse eco que o tempo proporciona, mas é sempre muito bom ouví-las. Seja o tempo que for.

O mundo é muito grande, não vamos nos perder por aí...

Saudades e saudações universais!!!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Gastei toda uma semana pensando se deveria ir ou não ao show do Radiohead. Decidí ir. No percurso pra faculdade passo sempre em frente a Apoteose, local do show do Radio e onde as Escolas de Samba desfilam. Ví dia a dia o palco ser montado para outras bandas que se apresentaram dantes do Radio, como Iron e outras, hj vou pegar o meu ingresso físico na bilheteria.
Amanhã vou pro show, chego cedo, pego uma cerveja, me posiciono perto do palco e irei curtir três bandas que muito me marcaram e marcam( em especial o Radio e os Los). provavelmente estarei só, não sei. vou deixar correr, se tiver que ser assim,será.

Estou adorando minhas aulas, e haja pestana pra se queimar.
Toda vez que volto da minh aulla desço em frente a um sebo o "Baratos do Ribeiro" em Copa. Entro lá e viajo, só.

Estou vivendo em lembranças ainda, meio nômade, mas cheio de planos por se realizarem...

Saudações universais!!!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Vai dizer que não foi assim...

Para Deise Anne e sua Quadrilha

Eduardo decidiu não entrar na festa, naquela festa em que seus amigos estavam entrando, pois tal qual Alice no País das Maravilhas, ele se deixou guiar pela curiosidade e pensou:'Vai saber o que me espera aqui do lado de fora', e claro, tem o detalhe do carro assaltado, fato que não agradaria a ninguém...

Saiu à rua, comprou uma cerveja e quando foi levá-la à boca, sem querer, acabou derrubando-a, molhando a pessoa, a linda pessoa, diga-se de passagem, do seu lado. Disso resultou um pedido de desculpas, uma conversa, uns tantos outros olhares e algumas afinidades até o tempo, todo ele, passar diante de ambos.

No outro dia, Eduardo e Anna Júlia estavam juntos e, pro bem ou pro mal, não chegaram a formar uma quadrilha, mas sim uma dupla, e estudam seriamente a possibilidade de montar uma banda..entre outras futilidades, que de tão fúteis...acabam dando certo.

É, o amor se faz nas pequenas coisas, nas ínfimas, nas mais absurdas, que de tão absurdas, ínfimas e pequenas, acabam dando certo. E só o exercício das afinidades leva ao amor.
E basta.

Beijos eternos e imensos!


P.S Tempos depois Eduardo, durante um período conturbado de sua vida com Anna, pede aos amigos que tinham uma banda pra que façam uma música no intuito de reconquistá-la.

"Oh, Anna júlia"....

Vai dizer que não foi assim...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Manhã de Carnaval

São oito horas da manhã.
Não exatamente oito horas, mas é manhã.

Arrumo malas, esgarço lembranças, jogo fora bobagens, mas passo longo tempo pensando no que é e no que não é bobagem, depois jogo...fora.
Pros que partem fica um certo gosto de inveja incompreensível praqueles que ficam. Pros que ficam há aquela rotina, aquela vida que não se alterou, aquela rotinazinha que acaba tendo um contorno de graça, pra quem vai fica aquele gosto de poeira do asfalto, de imprevisibilidade, de falta de controle com o que irá acontecer. E o que irá acontecer?

Uma preguiça macunaímica fundamental me anima. Não quero resolver minha vida, quero ir empurrando com a barriga, mas sei que isso passa...

É terça de Carnaval. O mundo explode em trombetas que anunciam não o fim do mundo, mas o começo de uma alegria meio desesperada, afinal rir é um poderoso remédio contra a morte, e não há nisso nada de trágico, rir é remédio contra a morte, tão bom ter remédio pra essas coisas!

Eu ando em casa. Bem jogado numa rede a là Dorival.

"Ah, Izaura...hoje eu não posso ficar", e "diz pros da pesada que eu vou levando, e se puder me manda uma notícia boa"!

O imprevisível é o molho da vida.

Saudações universais.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Antes chorava, agora rio.

Pausa.

Vou pegar um café na cozinha.

Amargo, forte, bom.

Tenho compromissos marcados, Amy, João Gilberto e The Police pra ouvir, malas pra arrumar, pessoas pra me despedir...duas musiquinhas pra fazer. Elas estão aí, pairando, rodando, brincando ao meu redor. Não em chateio mais. Tenho fechado os olhos e procurado silenciosamente.

Tenho procurado as coisas escondidas exato onde acho que elas não estão.

Perco um tempo enorme realizando um percurso muito maior que a maioria. Não ligo mais. Adoro campos, jardins, ruas, não me incomodo de pensar e sentir em pleno caminho. Tudo me acontece em movimento. Adoro atalhos que são pura perda de tempo...

Problemas. É preciso resolvê-los.

E pra falar a verdade...já não me sinto um Mr. Cellophane...estando mais pra um Monkey Man!

Os corações e as saudações, universais!

E basta.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Oi.

Você pode ser a paz do meu samba.
Percebendo a displicência da alma e da matéria em relação às coisas do coração foi que passei de um muro de lamentações a um poço dos desejos.
E mergulhei com toda a carga que se pode conter...descontei.

Já passei um bom tempo evitando gafes...agora as chamo pra mim...vai saber!

Saudações universais!